Entrevista Especial

Segunda resposta que
Bigucci jamais daria

  DANIEL LIMA - 20/03/2024

Estamos dando sequência à série Entrevista Especial tendo como objetivo mostrar as prováveis razões que levaram o empresário Milton Bigucci, comandante da MBigucci e eterno dirigente do Clube dos Construtores do Grande ABC, a fugir da raia.

Sim, a Milton Bigucci foram feitas quase duas dezenas de perguntas conectadas ao escopo desse projeto de ouvir agentes públicos e privados nesta temporada de votos municipais não tendo, necessariamente, questões político-partidárias como principais abordagens.

Veja a segunda pergunta não respondida por Milton Bigucci e o que respondemos por ele de forma condizente com o histórico do entrevistado fugidio.

CAPITALSOCIAL – Até que ponto a influência de Lula da Silva e de Jair Bolsonaro será sentida em cada voto para prefeito na região? Teremos votos mais municipalistas ou federalizados? E o governador do Estado terá peso adicional a tudo isso?

RESPOSTA – Seria demais esperar que o empresário Milton Bigucci se desvencilhasse de interesses corporativos e pessoais para meter o pitaco de avaliação do ambiente político. Publicamente, Bigucci praticamente não se manifesta, embora no passado tenha se colocado contrário a políticas públicas populares do governo de Lula da Silva, inclusive com críticas ao programa Bolsa Família. Eram tempos menos midiáticos e menos problemáticos para Milton Bigucci, como se verá na série de respostas que ele preferiu não dar.

Milton Bigucci é o que popularmente chamam de peixe ensaboado, porque flerta privadamente com os poderosos da vez, quaisquer que sejam as agremiações que pertençam.

Ainda recentemente, na inauguração de um empreendimento na Avenida dos Estados, em Santo André, estava Milton Bigucci no mesmo palanque do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito de Santo André, Paulinho Serra, cidade na qual concentrou nos últimos anos muitos dos empreendimentos da MBigucci, sempre sem grandes alarmes e também sem expor as relações com o Poder Público.

O ecletismo partidário de Milton Bigucci é uma prática comum entre empresários brasileiros que nem mesmo defendem o que praticam, ou seja, o capitalismo privado. No caso de Milton Bigucci e de tantos empresários do setor imobiliário, na prática o que temos é o capitalismo privado mesclado de capitalismo de Estado, porque há combinação entre as partes que retiram em muitos casos a prática do campo meritocrático para ingressar no terreno nem sempre transparente de capitalismo de compadrio.

Milton Bigucci é reconhecidamente um empresário de sucesso, mas não se pode dizer o mesmo quanto à qualidade dos empreendimentos que entrega. Não tem sido publicado com frequência o ranking de campeões de reclamações do mercado imobiliário da região, mas já foi o tempo em que essa modalidade era disseminada. A MBigucci foi condecorada, entre aspas, pelo Ministério Publico do Consumidor de São Bernardo como campeã em deslizes junto à clientela.

Por essas e tantas outras, imaginar que Milton Bigucci se colocasse como emitente de qualquer opinião relativamente substantiva sobre o quadro eleitoral de outubro tendo por base percepções quanto às escolhas do eleitorado, se entre direitistas ou esquerdistas, se entre estatistas ou capitalistas privados, não passa mesmo de ilusão que o entrevistado que fugiu da raia só confirmou.

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